Miguel Torga, in 'Diário XII'
Liberdade
— Liberdade, que estais no céu... Rezava o padre-nosso que sabia, A pedir-te, humildemente, O pio de cada dia.Mas a tua bondade omnipotente Nem me ouvia.— Liberdade, que estais na terra... E a minha voz cresciaDe emoção. Mas um silêncio triste sepultava A fé que ressumava Da oração. Até que um dia, corajosamente, Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado, Saborear, enfim, O pão da minha fome. — Liberdade, que estais em mim, Santificado seja o vosso nome.Miguel Torga
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