quinta-feira, 30 de agosto de 2007

...um poema de Carlos Conde

Quando a gente se esquece de lembrar
Aquilo que se lembra de esquecer,
Há sempre uma saudade p'ra matar
E logo outra saudade p'ra viver!

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Hoje como à trinta anos


Mergulhado no espólio das Edições Cosmos, mexo na "A marcha da humanidade" colecção dirigida pelo Prof. Vitorino Magalhães Godinho, que em 1977 dá à estampa o livro O Movimento Autonomista no Brasil, de Carlos Oberacker Jr.
É um livro que nos fala concretamente do Grito do Ipiranga e retrata a província de São Paulo de 1819 a 1823. No seu prefácio pode ler-se
- Ultimamente as figuras de alguns sinceros portugueses que assumiram posição nítida nos entrechoques começam a ser encarados com mais frieza.Estavam marcados com o signo simplista de inimigos, enquanto oportunistas autênticos eram tranquilamente absolvidos.

É uma pequena pérola escrita por Américo Jacobina Lacombe, a propósito da história patrioteira que costuma eleger alguns padrões de virtudes e condenar sumariamente os seus oponentes.

domingo, 19 de agosto de 2007

O Futuro?


O nosso passado é uma das poucas certezas da nossa existência. Carrega um imenso património cultural que nos formou, que nos construiu, que nos há-de acompanhar até ao último sopro de vida.
Se não puder ser entendido como mestre dos nossos comportamentos, sê-lo-á, seguramente, como evocação dos nossos primeiros amores e devoções e das perplexidades com que olhávamos o futuro.
E, num tempo de materialismos estéreis, de indiferença perante valores ancestrais e desprezo por heranças morais e éticas, este trabalho, porque preserva muito da nossa memória, deve ser tido, e lido, como um preito muito expressivo, à sua região, ao seu povo, à sua natureza e à sua perene cultura.

Este texto foi retirado do livro " O Souto- Uma Cultura - Um Povo" de autoria de Manuel Soares Traquina, lançado no dia 18 de Agosto de 2007.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

A Condição Humana




Se a personagem de Romain Rolland soube morrer em felicidade entre os seus ente queridos,
«pour avoir donné un sens à sa vie»
então, não terá sido difícil, fechar os olhos para sempre - tendo sabido dar um destino à sua vida - acompanhado e sentido por homens de todas as raças e credos, uns ajoelhados por altares diferentes, outros simplesmente de pé, lutando por qualquer ideal combativamente activos, como ele queria quando se antepôs à «trahison des clercs» e se reafirmava corajosamente:

« Não é bom sonhar em demasia. O sonho não é inofensivo num Mundo em que se deve constantemente agir e vigiar a acção».

... não dou o nome de herói àqueles que triunfaram pelo pensamento e pela força; chamo de heróis àqueles que foram grandes pelo coração...

Retirado da nota explicativa das Edições Cosmos e de Carlos Vieira de Carvalho, aquando da publicação das crónicas a propósito do centenário de Romain Rolland ( Outubro de 1967 ).

sábado, 11 de agosto de 2007

As observações e a razão

" No momento em que se produz a diferenciação das almas individuais, a acção da Religião começa a manifestar-se na protecção da vida humana. Com efeito, não sendo a alma individual mais do que o outro polo do sagrado, o ponto de imputação do pecado religioso, ela própria se torna sagrada e o assassinato afirma-se como um sacrilégio que provoca a cólera dos Deuses, desde que as almas individuais se singularizem suficientemente. O que é paralelo, independentemente de qualquer outro aspecto ( por exemplo, económico ), à espiritualização e à humanização crescente da religião, à passagem do Deus totémico a um Deus pessoal.
Os Deuses tomam a responsabilidade das almas e das vidas individuais, desde que eles próprios se tornem pessoas. Então, o assassinato transforma-se numa revolta contra Deus, que fez o homem à sua imagem; implica um pecado religioso e provoca um castigo vindo de Deus, acompanhado de uma reprovação pública. É no momento do encontro entre Religião e Magia na protecção da vida humana que nasce o direito penal que impede o homicídio, simultâneamente com o direito individual à inviolabilidade da vida.

Retirado do livro A vocação actual da sociologia de Georges Gurvitch, publicado pelas Ediçoes Cosmos na sua colecção coordenadas, com a direcção de Vitorino Magalhães Godinho