terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Um olhar


Há dias assim.
Inventar dias de sol, ver o verde no cinzento e o azul brilhar só nos nossos olhos. As ramagens cantam ao som das rajadas do vento que embalam o dia que teima em manter-se frio.
É assim o nosso tempo, incerto e com valores que não se sentiam anteriormente. Melhores, piores?
Diferentes e é com este clima que teremos que olhar sempre para as águas que correm...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Ermida do Senhor do Bonfim



Em breve nada restará desta bela capela, senão se conservar Já!!!
Vista geral da fachada principal.A Ermida do Senhor do Bonfim, ou Ermida do Senhor Jesus do Bonfim, antigamente conhecida também por Ermida da Cruz de Longe, situa-se no local mais alto da vila da Chamusca, o Monte do Bonfim, de onde é possível contemplar uma vista deslumbrante sobre a lezíria. Na encosta sobranceira ao templo existiu um cemitério, um dos primeiros a funcionar fora da igreja depois das reformas de Costa Cabral. O cruzeiro de pedra que actualmente está colocado em frente do templo estava, antigamente, junto ao portão do cemitério.
A ermida foi mandada construir em 1746 pela Confraria do Senhor Jesus do Bonfim, congregação fundada nesse mesmo ano e que permaneceria aqui instalada até à sua extinção, em 1850. As obras durariam até 1749, tendo sido dirigidas por um mestre pedreiro de Lisboa.
Durante o século XVIII, continuaram as obras na ermida e no espaço envolvente, tendo sido então construídas a casas do ermitão e dos romeiros e o curral para a recolha do gado. De facto, a ermida foi, logo desde a sua fundação, um importante local de romagem de toda a região. As principais romarias davam-se na quinta-feira de Ascensão, promovida pelos chamusquenses, e no dia de S. Miguel, esta já organizada pelos habitantes da Golegã, sobretudo pelas mulheres, que eram aqui conhecidas como ceboleiras.
Ainda no mesmo século, efectuaram-se também obras no interior da ermida, tendo sido ladrilhado o pavimento, construído o coro e dourado o retábulo da capela-mor, esta última intervenção levada a cabo por Valentino Baptista, de Santarém. Nos finais do século XVIII, são aplicados os silhares de azulejos da nave e da sacristia.
Em 1834, a lei de extinção de bens de mão morta torna a vida da confraria muito difícil, o que leva à sua extinção em 1850. O pátio murado situado na parte inferior do monte, frente à ermida, é então transformado em cemitério, um dos primeiros do país a funcionar fora da igreja. O cemitério permaneceria aqui até à inauguração do Cemitério Municipal, em 1877.
Vista geral da capela-mor.Em 1965, a ermida foi alvo de obras de conservação e de recuperação, promovidas por um grupo de chamusquenses liderado pela poetisa Maria de Carvalho. Durante os anos que durou a Guerra Colonial, a ermida foi objecto de incessante peregrinação por parte de várias famílias de soldados, facto ainda hoje notório pelo elevado número de ex-votos presentes no seu interior, em especial na sacristia.
Arquitectura e Arte Sacra
A ermida é pequena e de construção simples, marcadamente popular. É um templo de uma só nave, revestida até meia parede por um silhar de azulejos dos finais do século XVIII, representando temas como a Crucificação e o Santíssimo Sacramento. Do lado do evangelho, há um púlpito em talha dourada, marmoreado de azul com relevos a ouro.
A capela-mor é coberta por abóbada de berço rebaixada. O retábulo do altar-mor é em talha dourada e verde, apresentando na tribuna a figura do Senhor Jesus do Bonfim, representado na cruz, pintado em azulejo colocado sobre pedra tosca. Esta decoração denota a fase em que foi executada, em pleno período de transição do barroco para o rococó. A sacristia, anexa à capela-mor do lado do evangelho, é revestida por azulejos de padrão igual aos da nave, mas sem medalhão.
Ao longo do caminho que sobe até ao cimo do outeiro, encontram-se as treze cruzes da via sacra, com placas de azulejo retratando cenas da Paixão. De resto, a ermida é um antigo local de peregrinação para toda a região, desde há pelo menos 250 anos. No seu interior ainda se encontram numerosos ex-votos, alguns deles já seculares, como alguns quadros votivos do século XVIII.