domingo, 24 de janeiro de 2010

Un sorriso triste


Rosto curvado, olhos perdidos!
Foi assim que encontrei o meu amigo e cliente já à longos anos, sentado na cadeira de um banco cá da terra.
O antigo sorriso franco e aberto deste agricultor, desapareceu do seu rosto, disse-me que tinha cometido "um crime" trabalhar, trabalhar, dar emprego e ter muita preocupação em ser sério e cumpridor de impostos.
Hoje depois de ter movimentado milhões naquele banco, onde era atendido, sempre com um largo sorriso e as portas franqueadas, faziam-no esperar horas para lhe dizerem não a um pequeno pedido de venda de dinheiro, a que ele apresentava garantias reais!
Outros tempos outras gentes, outras faltas de respeito.
Disse-lhe que amanhã o dia vai ser melhor...sorriu com um sorriso triste...mas sorriu.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Só Sente Ansiedade pelo Futuro aquele cujo Presente é Vazio


Só Sente Ansiedade pelo Futuro aquele cujo Presente é Vazio

O principal defeito da vida é ela estar sempre por completar, haver sempre algo a prolongar. Quem, todavia, quotidianamente der à própria vida "os últimos retoques" nunca se queixará de falta de tempo; em contra partida, é da falta de tempo que provém o temor e o desejo do futuro, o que só serve para corroer a alma. Não há mais miserável situação do que vir a esta vida sem se saber qual o rumo a seguir nela; o espírito inquieto debate-se com o inelutável receio de saber quanto e como ainda nos resta para viver. Qual o modo de escapar a uma tal ansiedade? Há um apenas: que a nossa vida não se projecte para o futuro, mas se concentre em si mesma. Só sente ansiedade pelo futuro aquele cujo presente é vazio. Quando eu tiver pago tudo quanto devo a mim mesmo, quando o meu espírito, em perfeito equilíbrio, souber que me é indiferente viver um dia ou viver um século, então poderei olhar sobranceiramente todos os dias, todos os acontecimentos que me sobrevierem e pensar sorridentemente na longa passagem do tempo! Que espécie de perturbação nos poderá causar a variedade e instabilidade da vida humana se nós estivermos firmes perante a instabilidade? Apressa-te a viver, caro Lucílio, imagina que cada dia é uma vida completa. Quem formou assim o seu carácter, quem quotidianamente viveu uma vida completa, pode gozar de segurança; para quem vive de esperanças, pelo contrário, mesmo o dia seguinte lhe escapa, e depois vem a avidez de viver e o medo de morrer, medo desgraçado, e que mais não faz do que desgraçar tudo.


Séneca, in 'Cartas a Lucílio'

A Preguiça como Obstáculo à Liberdade


A Preguiça como Obstáculo à Liberdade

A preguiça e a cobardia são as causas por que os homens em tão grande parte, após a natureza os ter há muito libertado do controlo alheio, continuem, no entanto, de boa vontade menores durante toda a vida; e também por que a outros se torna tão fácil assumirem-se como seus tutores. É tão cómodo ser menor.
Se eu tiver um livro que tem entendimento por mim, um director espiritual que tem em minha vez consciência moral, um médico que por mim decide da dieta, etc., então não preciso de eu próprio me esforçar. Não me é forçoso pensar, quando posso simplesmente pagar; outros empreenderão por mim essa tarefa aborrecida. Porque a imensa maioria dos homens, considera a passagem à maioridade difícil e também muito perigosa é que os tutores de boa vontade tomaram a seu cargo a superintendência deles. Depois de, primeiro, terem embrutecido os seus animais domésticos e evitado cuidadosamente que estas criaturas pacíficas ousassem dar um passo para fora da carroça em que as encerraram, mostram-lhes em seguida o perigo que as ameaça, se tentarem andar sozinhas. Ora, este perigo não é assim tão grande, pois aprenderiam por fim muito bem a andar. Só que um tal exemplo intimida e, em geral, gera pavor perante todas as tentativas ulteriores.

É, pois, difícil a cada homem desprender-se da menoridade que para ele se tomou quase uma natureza. Até lhe ganhou amor e é por agora realmente incapaz de se servir do seu próprio entendimento, porque nunca se lhe permitiu fazer uma tal tentativa. Preceitos e fórmulas, instrumentos mecânicos do uso racional ou, antes, do mau uso dos seus dons naturais são os grilhões de uma menoridade perpétua. Mesmo quem deles se soltasse só daria um salto inseguro sobre o mais pequeno fosso, porque não está habituado a este movimento livre. São, pois, muito poucos apenas os que conseguiram mediante a transformação do seu espírito arrancar-se à menoridade e iniciar então um andamento seguro.

Mas é perfeitamente possível que um público a si mesmo se esclareça. Mais ainda, é quase inevitável, se para tal lhe for dada liberdade. Com efeito, sempre haverá alguns que pensam por si, mesmo entre os tutores estabelecidos da grande massa que, após terem arrojado de si o jugo da menoridade, espalharão à sua volta o espírito de uma avaliação racional do próprio valor e da vocação de cada homem para por si mesmo pensar. Importante aqui é que o público, o qual antes fora por eles sujeito a este jugo, os obriga doravante a permanecer sob ele quando por alguns dos seus tutores, pessoalmente incapazes de qualquer ilustração, é a isso incitado. Semear preconceitos é muito pernicioso, porque acabam por se vingar dos que pessoalmente, ou os seus predecessores, foram os seus autores. Por conseguinte, um público só muito lentamente pode chegar à ilustração. Por meio de uma revolução poderá talvez levar-se a cabo a queda do despotismo pessoal e da opressão gananciosa ou dominadora, mas nunca uma verdadeira reforma do modo de pensar. Novos preconceitos, justamente como os antigos, servirão de rédeas à grande massa destituída de pensamento.

in Emmanuel Kant

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

A Arte da Filosofia



São 40, cada um tem a sua missão é que nesta orquestra cada um sabe que a sua sensibilidade é importante para a "pianíssima" causa do som perfeito!
O maestro a todos respeita, sabe que a cada um terá que dar, a cada um e a seu tempo, as indicações galvanizadoras do sucesso da orquestra.
A Arte da filosofia está prenhe de compromissos, e os compromissos são a arte do respeito!
Para que a orquestra toque "o ano 2010 em paz" novel partitura escrita em 2009 pelos chamados á pronúncia,
haverá que dar acordes simples, directos e de acordo com todos os instrumentistas. O que digo "de acordo" quero dizer com o respeito de ser pensante e que não se resigna a ser mero objecto do enquadramento musical.
Assim sendo, que se estude a partitura.
Os mais atentos por certo pensarão que é necessário novos instrumentos, para que os acordes sejam mais ao ritmo dos novos tempos, eu direi que bastará munir "A Arte da Filosofia " para renovar a orquestra, e assim defender a partitura e quem a escreveu!
Mas que tudo na orquestra terá que mudar a seu tempo...não tenho dúvidas...necessitamos que a música seja outra, como direi...mais ao sabor e do saber do nosso povo!