Dão-nos um lírio e um canivete
E uma alma para ir à escola
Mais um letreiro que promete
Raízes, hastes e corola
Dão-nos um mapa imaginário
Que tem a forma de uma cidade
Mais um relógio e um calendário
Onde não vem a nossa idade
Dão-nos a honra de manequim
Para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos um prémio de ser assim
Sem pecado e sem inocência
Dão-nos um barco e um chapéu
Para tirarmos o retrato
Dão-nos bilhetes para o céu
Levado à cena num teatro
Penteiam-nos os crâneos ermos
Com as cabeleiras das avós
Para jamais nos parecermos
Connosco quando estamos sós
Dão-nos um bolo que é a história
Da nossa historia sem enredo
E não nos soa na memória
Outra palavra que o medo
Temos fantasmas tão educados
Que adormecemos no seu ombro
Somos vazios despovoados
De personagens de assombro
Dão-nos a capa do evangelho
E um pacote de tabaco
Dão-nos um pente e um espelho
Pra pentearmos um macaco
Dão-nos um cravo preso à cabeça
E uma cabeça presa à cintura
Para que o corpo não pareça
A forma da alma que o procura
Dão-nos um esquife feito de ferro
Com embutidos de diamante
Para organizar já o enterro
Do nosso corpo mais adiante
Dão-nos um nome e um jornal
Um avião e um violino
Mas não nos dão o animal
Que espeta os cornos no destino
Dão-nos marujos de papelão
Com carimbo no passaporte
Por isso a nossa dimensão
Não é a vida, nem é a morte
Composição: Natália Correia
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Cambalache
Cambalache
Que el mundo fue y será una porquería,
Que el mundo fue y será una porquería,
ya lo sé;
en el quinientos seisy en el dos mil también;
que siempre ha habido chorros,maquiavelos y estafaos,contentos y amargaos,
valores y dubles,
pero que el siglo veinte es un desplieguede malda’ insolenteya no hay quien lo niegue;
vivimos revolcaos en un merenguey en un mismo lodo todos manoseaos.
Hoy resulta que es lo mismoser derecho que traidor
Hoy resulta que es lo mismoser derecho que traidor
,ignorante, sabio, chorro,generoso, estafador.
Todo es igual;
nada es mejor;
lo mismo un burro que un gran profesor.
No hay aplazaos, ni escalafón;
los inmorales nos han igualao.
Si uno vive en la imposturay otro roba en su ambición,
da lo mismo que si es cura,
colchonero, rey de bastos,
caradura o polizón.
Que falta de respeto,
Que falta de respeto,
que atropello a la razón;
cualquiera es un señor,
cualquiera es un ladrón.
Mezclaos con Stavisky,van Don Bosco y la Mignón,
don Chicho y Napoleón,Carnera y San Martín.
Igual que en la vidriera irrespetuosade los cambalachesse
ha mezclao la vida,
y herida por un sable sin remachesves llorar la Biblia contra un calefón.
Siglo veinte, cambalacheproblematico y febril;
el que no llora, no mama,
y el que no afana es un gil.
Dale nomás, dale que vá,
que allá en el horno nos vamo a encontrar.
No pienses mas, echate a un lao,
que a nadie importa si naciste honrao.
Que es lo mismo el que laburanoche y día como un buey,
que el que vive de los otros,
que el que mata o el que curao esta fuera de la ley.
---
Subscrever:
Mensagens (Atom)