segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024


 A Utopia e a Crítica

Bibliografia anotada ( 2005 - 2010 )
Coordenação de Lourdes Câncio Martins
Prefácio de José Pedro Serra
geral@zainaportugal.pt

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023


Profeta messiânico num tempo em que os Judeus estavam de novo dominados pelos gentios, Jesus surge-nos das brumas de uma heterogénea historiologia como alguém especialmente preocupado com as condições de desagravo de Deus. Do Deus dos Judeus; sempre, em absoluto, o seu. 

Obter a boa vontade divina constituía, afinal, condição essencial do desejado êxito messiânico. Despoletado por uma preconizada mobilização populacional por ocasião da Páscoa, em Jerusalém.

Contudo, não bastou! A expetativa apelativa do fim do mundo será assim iludida. A libertação não chegará.

Com o tempo, os seus seguidores hão de espiritualizar a sua memória; com as consequências ressurrecionais bem conhecidas. A frustração messiânica transforma-se, então, no desiderato remissor. O fracasso da vida, no triunfo da redenção.

Num Mundo Mediterrâneo em que a mitologia redentora estava, afinal, em pleno desenvolvimento. Em que personagens como Paulo, se encarregarão de estruturar, universalizar e deificar propósitos. Transformando, assim, o insucesso em sucesso!

quarta-feira, 4 de outubro de 2023

sábado, 7 de setembro de 2019


Ermida do Senhor do Bonfim - Chamusca



Em breve nada restará desta bela capela, senão se conservar Já!!!
Vista geral da fachada principal.A Ermida do Senhor do Bonfim, ou Ermida do Senhor Jesus do Bonfim, antigamente conhecida também por Ermida da Cruz de Longe, situa-se no local mais alto da vila da Chamusca, o Monte do Bonfim, de onde é possível contemplar uma vista deslumbrante sobre a lezíria. Na encosta sobranceira ao templo existiu um cemitério, um dos primeiros a funcionar fora da igreja depois das reformas de Costa Cabral. O cruzeiro de pedra que actualmente está colocado em frente do templo estava, antigamente, junto ao portão do cemitério.
A ermida foi mandada construir em 1746 pela Confraria do Senhor Jesus do Bonfim, congregação fundada nesse mesmo ano e que permaneceria aqui instalada até à sua extinção, em 1850. As obras durariam até 1749, tendo sido dirigidas por um mestre pedreiro de Lisboa.
Durante o século XVIII, continuaram as obras na ermida e no espaço envolvente, tendo sido então construídas a casas do ermitão e dos romeiros e o curral para a recolha do gado. De facto, a ermida foi, logo desde a sua fundação, um importante local de romagem de toda a região. As principais romarias davam-se na quinta-feira de Ascensão, promovida pelos chamusquenses, e no dia de S. Miguel, esta já organizada pelos habitantes da Golegã, sobretudo pelas mulheres, que eram aqui conhecidas como ceboleiras.
Ainda no mesmo século, efectuaram-se também obras no interior da ermida, tendo sido ladrilhado o pavimento, construído o coro e dourado o retábulo da capela-mor, esta última intervenção levada a cabo por Valentino Baptista, de Santarém. Nos finais do século XVIII, são aplicados os silhares de azulejos da nave e da sacristia.
Em 1834, a lei de extinção de bens de mão morta torna a vida da confraria muito difícil, o que leva à sua extinção em 1850. O pátio murado situado na parte inferior do monte, frente à ermida, é então transformado em cemitério, um dos primeiros do país a funcionar fora da igreja. O cemitério permaneceria aqui até à inauguração do Cemitério Municipal, em 1877.
Vista geral da capela-mor.Em 1965, a ermida foi alvo de obras de conservação e de recuperação, promovidas por um grupo de chamusquenses liderado pela poetisa Maria de Carvalho. Durante os anos que durou a Guerra Colonial, a ermida foi objecto de incessante peregrinação por parte de várias famílias de soldados, facto ainda hoje notório pelo elevado número de ex-votos presentes no seu interior, em especial na sacristia.
Arquitectura e Arte Sacra
A ermida é pequena e de construção simples, marcadamente popular. É um templo de uma só nave, revestida até meia parede por um silhar de azulejos dos finais do século XVIII, representando temas como a Crucificação e o Santíssimo Sacramento. Do lado do evangelho, há um púlpito em talha dourada, marmoreado de azul com relevos a ouro.
A capela-mor é coberta por abóbada de berço rebaixada. O retábulo do altar-mor é em talha dourada e verde, apresentando na tribuna a figura do Senhor Jesus do Bonfim, representado na cruz, pintado em azulejo colocado sobre pedra tosca. Esta decoração denota a fase em que foi executada, em pleno período de transição do barroco para o rococó. A sacristia, anexa à capela-mor do lado do evangelho, é revestida por azulejos de padrão igual aos da nave, mas sem medalhão.
Ao longo do caminho que sobe até ao cimo do outeiro, encontram-se as treze cruzes da via sacra, com placas de azulejo retratando cenas da Paixão. De resto, a ermida é um antigo local de peregrinação para toda a região, desde há pelo menos 250 anos. No seu interior  encontravam-se numerosos ex-votos, alguns deles já seculares, como alguns quadros votivos do século XVIII que estão hoje no Museu Diocesano em Santarém.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Pobre Louca


Se a virem por aí, em desalinho, sem compostura
Correndo de rua em rua, porta em porta, à procura
Não se sabe bem do quê...

Não façais mal à pobre louca!...
O sofrimento é muito a saúde é pouca.
Quem pode dizer algo de sua vida?
Quem sabe se terá sido uma “ bela adormecida “
Que a tormenta arrebatou do seu encanto...
Quem sabe se grande esperança a leva a caminhar
Ou forte dor a não pode deixar parar.

Olhai, quem aí vem!...Traz uma luz à sua frente...
E como Diógenes, olha perto para toda a gente...

É ela! Mão estendida e vela acesa em pleno dia!
Cabelo ao vento, rosto pálido, olhar vago, sem alegria
Onde se estampa o calvário doloroso dos seus filhos.
É ela! ...que tudo corre, tudo olha, tudo busca...
É ela!... a figura nobre da Chamusca
À procura dos seus filhos!...

( Poema de António Bento )

sábado, 26 de fevereiro de 2011

BILHETE

BILHETE
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima
dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
...Deixa em paz a mim!
Se me
queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e
o amor mais breve ainda...



Mário Quintana

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O CORVO


O corvo sempre foi o portador da magia. Este seu papel foi reconhecido nas mais diversas culturas, ao longo dos tempos, em todo o planeta. É considerado sagrado honrar o Corvo como sendo portador da magia. Se esta magia for ruim, ela inspirará muito mais medo do que respeito. Aqueles que trabalham com a magia de forma errada têm razões para temer o Corvo, pois isto é sinal de que estão se imiscuindo em áreas que não dominam, e os feitiços que estão fazendo certamente acabarão retornando contra eles. Em vez de deplorar o lado negro da magia, conscientize-se de que você só irá temer o Corvo quando necessitar aprender algo sobre os seus temores secretos ou sobre os demônios criados por sua própria imaginação.

A magia do corvo é poderosa e pode lhe infundir a coragem necessária para penetrar nas trevas do vazio no qual residem todos os seres que ainda não tem forma definida. O Vazio é denominado "Grande Mistério". O Grande Mistério já existia antes que todas as coisas viessem a existir. O Grande Espírito é oriundo do Grande Mistério e vive no Vazio. O Corvo é o mensageiro do Vazio.

O Corvo é prenúncio de mudança de consciência, que pode, inclusive, significar uma viagem pelo Grande Mistério ou por alguma senda situada à margem do tempo. A cor do Corvo é a cor do Vazio - o buraco negro do espaço sideral que congrega todas as energias criadoras. Significa que você conquistou por seus próprios méritos o direito de vislumbrar um pouco mais da magia da vida.

Na cultura dos índios norte-americanos, a cor preta tem diversos significados, mas não simboliza o mal. O preto pode simbolizar, por exemplo, a busca de respostas, o Vazio, ou o caminho para as dimensões suprafísicas.

O Corvo é o mensageiro da magia cerimonial e um curador que opera à distância e que está sempre presente em qualquer Roda de Cura. É ele que conduz o fluxo de energia de uma cerimônia mágica, guiando-a até o seu objetivo final. Seu papel é o de interligar as mentes dos praticantes do ritual com as mentes daqueles que estão necessitando daquele trabalho.

A magia do Corvo não pode ser interpretada de forma racional porque é a magia do desconhecido em ação, preparando a chegada de algum acontecimento muito especial. O Corvo é o protetor dos sinais de fumaça e das mensagens espirituais representadas por ele.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

A engrenagem

PRELO

o prelo pede a chapa
a chapa a tinta
a tinta o papel
o papel a mão
a mão a tiragem
a tiragem a chapa
a chapa o original
o original o tempo
o tempo a leitura
a leitura o entendimento
o entendimento a engrenagem
do tempo no prelo.


Regis Camargo

terça-feira, 27 de julho de 2010

Assim não vamos lá.



Assisti ontem, já ao cair do dia quente como um raio, ao despertar de velhas coisas vividas.
Sorri para dentro com o pensamento a querer ser mais forte do que realmente é !
Mas a tarefa mostrou-se difícil, pois a cada palavra do orador, vinha-me sempre à cabeça, a máxima do meu amigo Falcão Fonseca, só sabe ouvir poesia, quem poesia tem dentro de si...
De facto é assim. Pode-se querer organizar as coisas que são comuns, podemos dar o nosso melhor, pode-se manifestar abertura total e princípios de ética à muito esquecidos pelos mandadores... mas nada !
...só sabe ouvir poesia, quem poesia tem dentro de si!
Assim não vamos lá.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

As máquinas e o amor aos livros


“A máquina não é senão uma nova ferramenta inventada pelo homem, que a maneja como quer.”
Rubens Borba de Moraes


Hoje, os incunábulos -primeiras obras impressas a partir da invenção da tipografia, por volta de 1445, até o ano de 1550- , obras de indiscutível raridade, são alvo de desejo de qualquer amante de livros. Porém, os primeiros impressos foram renegados por contemporâneos à sua origem.

Muitos bibliófilos que assistiram o nascimento da tipografia viram com desconfiança a impressão. Consideravam a máquina algo “vulgar, imperfeita e menos nobre que a mão do homem” (MORAES, 2005, p.197). Tal preconceito pode ser comparado à crítica mais recente em relação à produção em massa de livros. Hoje, não são mais os incunábulos alvo de descrédito, pelo contrário, o que existe são “bibliófilos que desprezam os livros modernos, impressos mecanicamente aos milhares. Para esses amadores, só tem valor artístico o livro impresso à mão e tirado a poucos exemplares” (Idem, ibidem, p.196).

Tais receios e desconfianças podem ser analisados à luz da célebre frase de Padre Claude Frollo no romance de Victor Hugo[1]: Ceci tuera cela. Isto matará aquilo, foi o que disse a personagem no século XV, após a invenção da tipografia, indicando, como analisa Humberto Eco, que “o livro vai matar a catedral, o alfabeto matar as imagens e incentivar a informação supérflua” (ECO, 2003, p.3). Talvez seja esse medo do novo, essa sensação de ameaça ao antigo e tradicional o que motivou e motiva tais preconceitos.

Porém, apesar dessas críticas que circulavam os incunábulos e que podem ser vistas como influência no caráter longo e complexo da transição do manuscrito ao impresso (afinal, até o século XVI não era incomum a feitura de manuscritos), há sinais que indicam que a bibliofilia não rejeitou de todo a essência artística da tipografia. A arte tipográfica foi, inclusive, vista como uma arte hermética, para iniciados, que deveriam prometer segredo sob juramento.

É digno de nota também o primeiro incunábulo sobre bibliofilia, Philobiblon,de Ricardo de Bury, impresso em 1473. Foi elaborado ainda em forma de pergaminho, manuscrito em 1345, mesmo ano da morte de seu autor, beneditino inglês apaixonado por livros que fez questão de deixar registrada a maneira como deveriam dispor de sua notável biblioteca após sua morte. Leitura fundamental aos bibliófilos, trata de cuidados essenciais a serem dispensados aos livros, incluindo como estimá-los e até mesmo como compartilhá-los com estudantes. Sua obra está hoje também disponível em versão bilíngüe (latim e português) Philobiblon ou o amigo do livro, pela Ateliê Editorial, com tradução e notas de Marcelo Cid.

Percebe-se que não foi pacífica a aceitação da tipografia pela bibliofilia, assim como ainda hoje não é unânime a idéia de que “industrializar não é enfeiar” (MORAES, 2005, p.196).

Por Clara Ramthum

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Pedras no caminho?



.
"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreenções e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um “não“.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo.”

Fernando António Nogueira Pessoa (1888-1935, Lisboa)

domingo, 4 de julho de 2010

Balada para Moçambique

Mãe
Maningue chuva
Já não sei chorar
... Ver mais
Filho
Não é nada
São lágrimas
Que sobraram do sonho

Tio
Maningue vento
Já não sei voar

Filho
Não é nada
São estrelas
Que sobraram do sonho

Maningue frio mãe
Já não sei dormir

Não é nada filho
Dorme aos pedaços
Agasalha-te no sonho

Amanhã filho
Maningue chuva de pão
E os machimbombos serão navios
Carregadinhos de peixe

E as minas mãe

Serão maningue no céu

Dorme filhinho


(Nota: maningue = muito; machimbombos=autocarro, ônibus)



António Barbosa Topa

quinta-feira, 3 de junho de 2010

sábado, 29 de maio de 2010

Golegã nos anos 50

Raparigas da Golegã, prontas para a fotografia. Neste dia a ordem era para sorrirem pois os carros já estavam prontos para o desfile no cortejo de oferendas para a Santa Casa da Misericórdia da terra.
Nos pés descalços havia " gretas " e calos nas plantas que mais pareciam solas.
O cão parece espantado com os sapatos destas pobres crianças, filhos destas alegres campesinas que amoiravam de sol a sol.

CHOUTO http://amigosdochouto.ning.com/




domingo, 4 de abril de 2010

RUY GOMEZ DE SILVA - Um Chamusquense



RUY GOMEZ DE SILVA

Nació en Portugal ( Chamusca ) en 1516, llegando a Castilla junto al séquito de la esposa del Emperador Carlos I, Doña Isabel de Portugal. Fue persona de confianza y Secretario de Estado del rey Felipe II, el cual le concedió numerosos cargos y títulos, entre ellos el de Príncipe de Éboli (Nápoles). Adquirió la Villa de Pastrana en 1569 a los herederos de Doña Ana de la Cerda, otorgándole el Rey el título de primer Duque de Pastrana.

Fue el gran impulsor de nuestra villa, llamando a Santa Teresa de Jesús para que fundase en Pastrana los conventos de monjas y frailes carmelitas y construyendo nuevas calles y barrios, como el del Albaicín, donde se asentaron mas de 200 familias moriscas que llegaron de las Alpujarras de Granada. Murió en Madrid en 1573 y sus restos se encuentran depositados en la cripta de la Colegiata de Pastrana.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Culturalmente todos temos preconceitos


A juíza do Tribunal das Caldas da Rainha, Isabel Baptista, lançou o livro “O casamento homossexual e o ordenamento jurídico-constitucional português” no passado dia 25, no salão nobre do Governo Civil de Santarém, mas um dia antes promoveu uma antestreia no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha.
A apresentação da obra nas duas sessões coube a Rui Rangel, numa acção promovida pelas Edições Cosmos.
O livro é editado numa altura em que foi aprovada a proposta de lei que legaliza o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo.
“Era um desafio intelectual escrever qualquer coisa que pusesse em crise alguns dos meus próprios preconceitos. Culturalmente todos temos preconceitos, porque se o meu filho chegasse a casa e me apresentasse o namorado, de certeza que tinha que tomar um Xanax ou dois”, desabafou a magistrada quando confrontada com o que a motivou para escrever sobre o tema.
Isabel Baptista confessou igualmente que tinha de “confrontar a minha pessoa com toda a carga emocional e cultural com uma realidade que era o Direito, como responde ou não a esta situação. Se eu fosse o juiz da primeira instância que tivesse apreciado este caso o que diria? Comecei a pensar que se amanhã alguém viesse ao meu tribunal pedir para eu apreciar um recurso, como decidia?”, “O tema tem a ver com a ver com a minha principal área de investigação que é o direito da personalidade. Este direito a amar, que ainda é um direito. Isto tudo que nos parece bizarro há um momento em que se impõe como realidade, quando o outro, que está ao meu lado precisa de ver tutelados os direitos, independentemente das opções sexuais, culturais, raciais”, apontou.
Isabel Baptista confrontada com a nova Lei, manifestou que “o Governo não me veio dar razão, porque tal como conheço o projecto lei que foi apresentado, criou uma aberração, criou ainda outra inconstitucionalidade ainda mais flagrante e frontal ao nível da adopção. Não pode ser retirado o direito de adoptar sobretudo quando não há razão para isso. O que vi foi uma lei sem preâmbulo, sem uma explicação da ideologia que esteve subjacente aquela opção legislativa e não a conhecendo a única coisa que posso concluir é que é uma pura discriminação em função do sexo, ainda por cima é mais aberrante que esta. Porque é dizer vocês podem ser pais e mães, não podem ser pais e mães em conjunto”, declara.
Quanto à obra, descreve que o livro tem uma primeira parte em que “procurei perceber uma realidade sociológica que me envolve hoje, que são as famílias monoparentais, famílias alargadas, crianças que vivem em comunidade. Estas novas formas de família que da minha parte começaram a ser discutidas com base nas crianças maltratadas e que precisam de uma intervenção. Isto é um monólogo com as minhas próprias inquietações”.

http://www.jornaldascaldas.com/index.php/2010/03/03/o-casamento-homossexual-em-livro-da-juiza-isabel-baptista/#more-20260

sábado, 27 de março de 2010

100 Anos de República



É ridículo ver os defensores da monarquia e do putativo rei Duarte Pio a defenderem a bandeira que foi hasteada.

Demonstram um desconhecimento confrangedor da História. Façamos então aqui a boa acção diária: Ó meus amigos monárquicos, aquela bandeira que vocês dizem ser "da monarquia" foi a bandeira do reino de Portugal apenas entre 1830 e 1910, usada pela rainha Maria II (1833-1853) e pelos reis Pedro V (1853-1861), Luís (1861-1889), Carlos (1889-1908) e Manuel II (1908-1910)).

Este ramo da casa de Bragança é o chamado ramo de Bragança-Saxe-Coburgo e Gota, do qual NÃO DESCENDE certamente Duarte Pio. Duarte Pio é descendente por via paterna de Miguel I de Portugal, e por via materna de Pedro I (imperador do Brasil, Pedro IV de Portugal). A sua mãe é Maria Francisca de Orleães-Bragança, da casa imperial do Brasil, também chamada de Orleães-Bragança.... Ver mais

Sendo assim Duarte Pio herdeiro dos dois ramos "sobreviventes" da casa de Bragança - o ramo miguelista dos descendentes de Miguel I e o ramo de Orleães-Bragança, a descendência brasileira de Pedro I do Brasil (Pedro IV de Portugal) - pergunto-me: porque iria Duarte Nuno "usar" a bandeira dos seus primos (a tal que existiu entre 1830 e 1930 e que os nossos monárquicos defendem com unhas e dentes)?

Não seria mais lógico, mais coerente, que trouxesse de novo à vida a bandeira do seu trisavô, João VI, e que foi também a bandeira do seu bisavô, Miguel I e do irmão deste, Pedro IV, seu tio-bisavô?

Uma bandeira que reintegrou a esfera armilar, um antigo emblema pessoal de Manuel I, símbolo maior dos Descobrimentos, e onde o escudo volta a ser de ponta redonda, no formato dito PORTUGUÊS e não francês como na bandeira ora enaltecida.

Para quem não sabe do que falo (e serão MUITOS), vejam a bandeira em http://www.tuvalkin.web.pt/terravista/guincho/1421/bandeira/pt_1816.gif

Afinal, a actual bandeira Nacional e a sua esfera armilar têm bem mais a ver com Duarte Pio, e a sua ascendência, do que a bandeira que tanto abanicam, pertença de uma casa real já extinta e esquecida...


Carlos Paula Simões

domingo, 21 de março de 2010

Dia Mundial da Poesia


CHAMUSCA


Chamusca, meu jardim de fantasia,
onde eu cultivo as flores da afeição;
cada recanto lindo é um talhão
que lentamente o Tejo acaricia.
.
Subindo ao Pranto a sua casaria
é roupa branca ao sol, por sobre o chão;
bando de aves que em lúcida visão
abrem asas no céu que as delicia.
.
Chamusca, minha amada, meiga, terna!
que doce, que amorosa, que materna,
que simples, que suave, que tranquila!
.
Chamusca...eu amo-a tanto, que quisera,
até depois de morto - quem m'o dera! -
na terra que me cubra inda senti-la!
.
Armando Soares Imaginário

sábado, 13 de março de 2010

Dito em outros mundos

"O facilitismo é inimigo da competência e irmão da corrupção. Combatamo-lo com todas as forças, pois ele gera a degradação dos valores. O saber, a elevação, a sublimação da existência e dos gestos, o culto do humanismo, faz-se com trabalho continuado e aparelhando o espírito para a vida e para a propagação da nobreza dos valores"

in Armindo Gameiro

sexta-feira, 12 de março de 2010

A política do medo


A política do medo
"Em que condições exerce hoje o professor o seu mister de ensinar? Pergunta capital, em cuja resposta vai muito da eficiência da Escola e do valor intelectual e moral do ensino. Posso afirmar, sem receio de exagerar, que essas condições se caracterizam essencialmente assim: deficiência de meios pedagógicos; deficiência de meios materiais da vida do professor; limitação das condições de independência mental dos agentes económicos.O professor hoje, em Portugal, vive com dificuldades de vida e com medo, esse terrível medo que se apoderou da quase totalidade da população portuguesa.
Tenho já o tempo de vida bastante para poder ter observado, durante mais de 20 anos, a evolução duma certa corporação científica, e ter verificado nela a instalação e o alastramento desse processo de destruição progressiva do professor português. E é preciso registar que, a despeito de casos isolados de resistência heróica, esse processo de destruição tem produzido os seus efeitos.A coisa vai mesmo mais longe – a política do medo não atingiu apenas uma determinada camada social ou profissão. Não, essa política foi a todos os sectores da vida nacional e a todos os núcleos de actividade privada e pública, procurando transformar-nos num povo aterrado, reduzido à condição deprimente de passarmos a vida a desconfiar uns dos outros. Mas o que é curioso, nesta questão, é que, ao fim e ao cabo, não se conseguiu apenas que os pequenos tenham medo uns dos outros e dos grandes, ou os indivíduos tenham medo das instituições. O próprio Estado foi vitima do seu jogo e acabou por ser tomado de medo dos cidadãos ..."
.
[Bento de Jesus Caraça, in Intervenção feita da Sessão de 30 de Novembro de 1946, realizada pelo Movimento da Unidade Popular, na sala de A Voz do Operário, aliás in Conferências e Outros Escritos, Lisboa, 1978, p. 203 - sublinhados nossos]


Foto: Bento de Jesus Caraça, retirada do blog Ruy Luis Gomes, com a devida vénia